sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mudanças climáticas

As últimas notícias relacionadas às mudanças climáticas não são muito animadoras. De acordo com a AIE (Agência Internacional de Energia), o número de emissões de CO2 (principal causador do aquecimento global) lançados na atmosfera em 2010 bateu recorde mundial de emissões em um só ano. Foram 30,6 gigatoneladas emitidas, um acréscimo de 1,6 gigatoneladas em relação a 2009.

Segundo a agência, se este número se mantiver em 2011, a meta proposta na COP-16 de não aumentar a temperatura global em 2 graus Celsius não será cumprida. De acordo com o diretor-executivo da AIE, Richard Jones, caso a tendência de aumento na utilização de combustíveis fósseis como o petróleo, carvão e gás seja confirmada nos próximos anos, o resultado será a elevação da temperatura global de cerca de 6ºC até 2040.

Como consequência, o aquecimento global já tem afetado as lavouras de trigo e milho em boa parte do mundo. A constatação é de cientistas das universidades Stanford e Columbia, nos Estados Unidos, que analisaram o impacto das mudanças climáticas nas quatro culturas que representam 75% das calorias consumidas pelos seres humanos: arroz, trigo, milho e soja.

Outro estudo, divulgado pelo Projeto de Monitoramento e Avaliação do Ártico (Amap, com sede em Oslo, na Noruega), apontou que o aquecimento do Ártico deve provocar a elevação de 1,6 metro no nível do oceano. A pesquisa alertou para um impacto ainda maior do derretimento do gelo e da neve na região. "O nível global dos oceanos tem previsão de aumento entre 0,9 metro e 1,6 metro até 2100. O derretimento das geleiras do Ártico e das calotas de gelo da Groenlândia darão uma contribuição substancial para isso", assinalou o artigo.

Quem reforça essa tendência é a ONU com dados de que o derretimento na Groenlândia poderá, sozinha, elevar em até 5 metros o nível dos mares – estimativa significativamente maior que os 18 a 59 centímetros previstos em 2007 pelo IPCC (Painel Intergovernamental para o Clima da ONU) até o final do século.

As alterações climáticas também puderam ser sentidas em cidades costeiras ao redor do mundo, como Bangladesh, Vietnã e China. De acordo com um artigo do Amap, os últimos seis verões foram os mais quentes nos últimos 2 mil anos e, apesar do processo de derretimento ser lento, esses locais já devem se preocupar com as consequências devastadoras, segundo o texto, do derretimento das geleiras.

Outro agravante da situação vem da disseminação de grandes incêndios florestais, que pode acelerar o aquecimento global, segundo comunicado divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). A agência da ONU pediu aos governos que supervisionem as emissões de carbono dos incêndios florestais e que estudem novas estratégias para combatê-los.

O problema não está tão distante. As cidades são responsáveis por 70% de emissão de gases poluentes. De acordo com um Relatório Global sobre Mudanças Climáticas do Centro das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat), apesar de ocuparem apenas 2% da superfície da terra, os centros urbanos têm um alto consumo e nível de produção que contribuem para um aumento da poluição.

Mas medidas já estão sendo tomadas para combater a situação. Uma pesquisa realizada pelo Painel Intergovernamental das Nações Unidas (IPCC) apontou para um cenário otimista de que 77 % da energia produzida no mundo até 2050 virá de fontes renováveis, como a biomassa, a energia solar e dos ventos.

O estudo ainda informou que esta estimativa pode resultar na redução de 220 a 560 gigatoneladas de gases causadores do efeito estufa emitidos no meio ambiente, o que manteria o aquecimento global em níveis não tão altos como os previstos pela Convenção do Clima da ONU (em até 2ºC). Com essa redução, as emissões ficariam na concentração de 450 partes por milhão (ppm) na atmosfera.

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